Pe. Leonardo escreve sobre morte da parteira mais antiga de Batalha

Em um texto publicado na tarde da última quarta-feira (16) na rede social facebook, Padre Leonardo de Sales lamentou a morte de dona Benedita Soares da Silva, mulher religiosa que teve a vida repleta de caridades e serviço sociais voluntários.  A procura por suas orações, em casos de doenças, principalmente em crianças, era constante. Além de conceituada rezadeira, Benedita exerceu a função de parteira. Ela faleceu na última quarta-feira(16), aos 105 de idade.

Confira o artigo na íntegra:

Dona Benedita, preta parteira bendita entre as mulheres!

Hoje é dia de vela acesa no altar, erguendo nossas taças com falas inflamadas numa gratidão profunda a essa mulher sábia e querida de todos nós: Tia Benedita, como era conhecida por todos! Na verdade seu reconhecimento é cósmico está além das linhas terrenas da comunicação, além das minhas palavras. Pode está no sentimento profundo que temos por ela, mas isso também não significa nada comparado com o ato do devir cósmico que passou pelas mãos dessa mulher, que perdeu as contas de quantos partos realizou quantas chamadas de “dor de menino”, na expressão de Luiz Gonzaga na canção sobre a parteira Samarica, atendeu das mães na hora da dor do parto, quantos meninos vieram a nascer, e que talvez sem a sua ajuda não tivessem visto a luz do sol!

A parteira mais antiga de nossa terra fechou os olhos aos 105 anos para a realidade que ela mais amava: a vida! A sua vida foi dedicada às pessoas, suas rezas para tirar quebranto e dor de barriga, e tantas mazelas que carregamos no corpo frágil dos primeiros meses de vida e, tantos outros males infantis eram garantia de alívio para tantas mães pobres, que nada tinham além da fé, na oração poderosa de dona Benedita, chamada carinhosamente “Tia Benditinha”.

Recordo-me muito de ter brincado no terreiro de sua casa, com seus inúmeros netos, sua mesa era farta, e de minha avó me levando para a casa da tia Bendita, para ela me benzer, ninguém saía de sua casa sem comer nada, ou mesmo levar alguma coisa, sua alma era habitada por uma bondade sem medida.

O interior de sua humilde casa parece uma galeria vaticana, ornada de tantos quadros de santos e imagens dos bem-aventurados, que parecem gritar por toda parte: aqui mora uma mulher toda de Deus, assim como os santos o são todos de Deus e dos necessitados!

Tia Bendita gostava de rezas, de terços e de cantar benditos, foi parteira em tempos difíceis, tempo em que não havíamos nem sequer um hospital, suas mãos negras tocavam o mistério da vida, pois, suas mãos foram tantas vezes convocada pelas hierarquias do céu para cumprir sua missão e entregar ao mundo o que já estava pronto para um recomeço, a vida de uma criança!

O Criador e Pai a concedeu o dom de manipular as plantas, para delas retirarem chás, seivas e ungüentos, cheiros e poderes; ela utilizava-se das plantas, estes seres etéricos de divina luz, para nos auxiliar nos momentos de dor e renascimento, confortando nossos corpos com a pureza contida em sua substância, com uma rara sabedoria, era a negra sábia do pé do morro, de coração alargado e de alma e casa escancarada para quem dela precisasse. Não havia quem batesse em sua porta, e nem precisava bater, pois estava quase sempre “destramelada”, que não recebesse o benzimento que precisava a que hora fosse lá estava dona Benedita solícita a socorrer suas comadres e seus inúmeros afilhados vizinhos e também os longínquos.

Parta em paz parteira Bendita, por meio de sua passagem por esse mundo, como parteira, pudemos aprender que pessoas como a senhora são maiores do que possamos expressar, estão além da coragem, da confiança e do merecimento. Vieram para estas terras de “meu Deus” para cumprir a sua missão como quem fia um tecido dourado, como quem sabe da necessidade premente de sua tarefa espiritual.

Suas mãos que tantas vezes foram enfiadas nos ventres de tantas mães que gritavam em dores de parto estão agora tocando o ventre da vida eterna, porque a senhora na sua simplicidade acreditava na vida e não teve medo porque sabia que tudo está escrito nas mãos do poderoso.

Tia Bendita a senhora foi anjo de Deus, na sugestão do cuidado, na delicadeza, na fala mansa e na caridade discreta e benfazeja, foi página aberta do Evangelho de Cristo vivido nas coisas do dia-a-dia, suas atitudes são provas que não precisamos justificar o óbvio!

Sua lembrança será imorredoura, quem será capaz de se esquecer de uma criança nascida nas mãos de uma parteira?

Quantas vezes seus olhos cinzentos não viram a Mãe Terra estremecer com uma placenta enterrada que passou em suas mãos suaves?

A sua tarefa foi quase invisível aos olhos humanos, assim como não vemos os anjos e os seres de luz que nos rodeiam, mas no campo sutil sua força ecoa e abre os braços do Pai criador nos aquecendo ainda mais com sua virtude ancestral insubstituível, obrigado pela sua passagem entre nós!

O Deus da vida quis premiar com longos 105 anos de vida aquela que se dedicou anos e anos a ser facilitadora de tantos partos, a fazer ouvir o choro da vida que nascia de tantos que se perdeu a conta!

A Sagrada Escritura nos fala de duas parteiras que optaram pela vida, indo contra a política infanticida do Faraó do Egito Sethos I, se chamava Sifrá e Puá (Ex 1,15), quantas vezes também Benedita tu não fortes um grito contra a morte, salvando vidas com tua ciência de poucos recursos e de saberes ancestrais, aprendidos de nossos pais vindos da África, cujo sangue corria em tuas veias e no pigmento de tua pele! Ave ó Benedita, fortes bendita entre as mulheres! Preta Benedita, parteira, que passou fazendo o bem! Interceda por nós Amém!

Pe. Leonardo de Sales. Hoje é dia de vela acesa no altar, erguendo nossas taças com falas inflamadas numa gratidão profunda a essa mulher sábia e querida de todos nós: Tia Benedita, como era conhecida por todos! Na verdade seu reconhecimento é cósmico está além das linhas terrenas da comunicação, além das minhas palavras. Pode está no sentimento profundo que temos por ela, mas isso também não significa nada comparado com o ato do devir cósmico que passou pelas mãos dessa mulher, que perdeu as contas de quantos partos realizou quantas chamadas de “dor de menino”, na expressão de Luiz Gonzaga na canção sobre a parteira Samarica, atendeu das mães na hora da dor do parto, quantos meninos vieram a nascer, e que talvez sem a sua ajuda não tivessem visto a luz do sol!

A parteira mais antiga de nossa terra fechou os olhos aos 105 anos para a realidade que ela mais amava: a vida! A sua vida foi dedicada às pessoas, suas rezas para tirar quebranto e dor de barriga, e tantas mazelas que carregamos no corpo frágil dos primeiros meses de vida e, tantos outros males infantis eram garantia de alívio para tantas mães pobres, que nada tinham além da fé, na oração poderosa de dona Benedita, chamada carinhosamente “Tia Benditinha”.

Recordo-me muito de ter brincado no terreiro de sua casa, com seus inúmeros netos, sua mesa era farta, e de minha avó me levando para a casa da tia Bendita, para ela me benzer, ninguém saía de sua casa sem comer nada, ou mesmo levar alguma coisa, sua alma era habitada por uma bondade sem medida.

O interior de sua humilde casa parece uma galeria vaticana, ornada de tantos quadros de santos e imagens dos bem-aventurados, que parecem gritar por toda parte: aqui mora uma mulher toda de Deus, assim como os santos o são todos de Deus e dos necessitados!

Tia Bendita gostava de rezas, de terços e de cantar benditos, foi parteira em tempos difíceis, tempo em que não havíamos nem sequer um hospital, suas mãos negras tocavam o mistério da vida, pois, suas mãos foram tantas vezes convocada pelas hierarquias do céu para cumprir sua missão e entregar ao mundo o que já estava pronto para um recomeço, a vida de uma criança!

O Criador e Pai a concedeu o dom de manipular as plantas, para delas retirarem chás, seivas e ungüentos, cheiros e poderes; ela utilizava-se das plantas, estes seres etéricos de divina luz, para nos auxiliar nos momentos de dor e renascimento, confortando nossos corpos com a pureza contida em sua substância, com uma rara sabedoria, era a negra sábia do pé do morro, de coração alargado e de alma e casa escancarada para quem dela precisasse. Não havia quem batesse em sua porta, e nem precisava bater, pois estava quase sempre “destramelada”, que não recebesse o benzimento que precisava a que hora fosse lá estava dona Benedita solícita a socorrer suas comadres e seus inúmeros afilhados vizinhos e também os longínquos.

Parta em paz parteira Bendita, por meio de sua passagem por esse mundo, como parteira, pudemos aprender que pessoas como a senhora são maiores do que possamos expressar, estão além da coragem, da confiança e do merecimento. Vieram para estas terras de “meu Deus” para cumprir a sua missão como quem fia um tecido dourado, como quem sabe da necessidade premente de sua tarefa espiritual.

Suas mãos que tantas vezes foram enfiadas nos ventres de tantas mães que gritavam em dores de parto estão agora tocando o ventre da vida eterna, porque a senhora na sua simplicidade acreditava na vida e não teve medo porque sabia que tudo está escrito nas mãos do poderoso.

Tia Bendita a senhora foi anjo de Deus, na sugestão do cuidado, na delicadeza, na fala mansa e na caridade discreta e benfazeja, foi página aberta do Evangelho de Cristo vivido nas coisas do dia-a-dia, suas atitudes são provas que não precisamos justificar o óbvio!

Sua lembrança será imorredoura, quem será capaz de se esquecer de uma criança nascida nas mãos de uma parteira?

Quantas vezes seus olhos cinzentos não viram a Mãe Terra estremecer com uma placenta enterrada que passou em suas mãos suaves?

A sua tarefa foi quase invisível aos olhos humanos, assim como não vemos os anjos e os seres de luz que nos rodeiam, mas no campo sutil sua força ecoa e abre os braços do Pai criador nos aquecendo ainda mais com sua virtude ancestral insubstituível, obrigado pela sua passagem entre nós!

O Deus da vida quis premiar com longos 105 anos de vida aquela que se dedicou anos e anos a ser facilitadora de tantos partos, a fazer ouvir o choro da vida que nascia de tantos que se perdeu a conta!

A Sagrada Escritura nos fala de duas parteiras que optaram pela vida, indo contra a política infanticida do Faraó do Egito Sethos I, se chamava Sifrá e Puá (Ex 1,15), quantas vezes também Benedita tu não fortes um grito contra a morte, salvando vidas com tua ciência de poucos recursos e de saberes ancestrais, aprendidos de nossos pais vindos da África, cujo sangue corria em tuas veias e no pigmento de tua pele! Ave ó Benedita, fortes bendita entre as mulheres! Preta Benedita, parteira, que passou fazendo o bem! Interceda por nós Amém!

Pe. Leonardo de Sales.
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