Médico alerta que teresinenses "podem começar a morrer de frio com 25ºC"

O médico e diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), Paulo Saldiva, afirmou que o nosso corpo pode entrar em colapso no calor, o problema é que a temperatura exata em que isso pode acontecer depende de fatores ambientais, da idade e da saúde de cada indivíduo. A entrevista foi concedida para o UOL nesta terça-feira (05). 

"Em câmaras de exposição, testes que são feitos com pessoas jovens e normais, o risco começa quando a temperatura chega aos 42ºC. Neste momento, a pessoa começa a perder volume e não resistiria por muito tempo", diz Saldiva, que pesquisa o impacto das cidades na saúde humana.

Um dos destaques do diretor da IEA-USP foi a capital piauiense. “Em Teresina, as pessoas suportam bem quando os termômetros marcam até 34ºC, mas podem começar a morrer de frio com 25ºC", diz. 

"Existe a adaptação tantos das construções a altas temperaturas quanto da quantidade de gordura marrom no corpo para uma determinada faixa de conforto térmico", diz o médico, que participa de um grupo que pesquisa essas variações em diferentes cidades do Brasil e do mundo.

Além disso, Saldiva diz que a possibilidade de alguém morrer de calor é maior nas periferias das grandes cidades brasileiras, onde as habitações costumam ser mais precárias, os bairros têm menos áreas verdes e as temperaturas podem ser mais altas do que nos bairros de classe alta.

Ele disse ainda que "as cidades brasileiras não estão preparadas para as amplas variações de temperatura ao longo do ano. Então as pessoas costumam passar frio e calor dentro de casa, porque não há isolamento térmico", explica.

Existem ainda diferenças regionais, já que o nosso corpo se acostuma à média das temperaturas do lugar em que vivemos. Em São Paulo, o pesquisador da USP afirma que as mortes podem ocorrer quando os termômetros ultrapassam 28ºC e ele estima que elas correspondam a mil óbitos em média por ano.

Gordura é a proteção natural

A gordura marrom é um tipo de tecido adiposo que os mamíferos desenvolveram para a manutenção da temperatura corporal. Esse tipo de gordura é maior em bebês, já que eles não têm outros mecanismos de controle tão desenvolvidos.

Em condições normais de saúde, o corpo dos adultos também faz essa regulação térmica por meio do suor, dos pelos e da vasoconstrição ou vasodilatação –quando os vasos abrem ou se contraem, aumentando ou diminuindo a pressão do sague e os batimentos cardíacos.

No caso dos idosos ou doentes crônicos, esses mecanismos podem não funcionar tão bem e, por isso, eles são os mais sensíveis às ondas de calor.

"Nesses casos, as altas temperaturas fazem com que o corpo perca um volume grande de água por meio da transpiração, então algumas pessoas podem desidratar, especialmente crianças e idosos, sem a sensação subjetiva de sede", diz Saldiva.


Cuidado com a desidratação

Os principais sinais de desidratação são urina escura e concentrada, bem como a sensação de que a língua e as pálpebras estão mais secas.

Sem água suficiente no corpo, o sangue começa a se concentrar e pode formar coágulos ou aumentar muito a pressão sanguínea, causando infartos e arritmia. Nos dois casos, as vítimas mais frequentes são pessoas com doenças cardiovasculares pré-existentes.

Para evitar problemas nos dias mais quentes, o médico recomenda então o cuidado maior com crianças e idosos, que precisam tomar mais água; evitar exercícios físicos nos períodos mais quentes do dia, entre 10h e 16h; e manter a casa ventilada, abrindo as janelas e usando um bom ventilador.

Fonte: UOL 
Postagem Anterior Próxima Postagem