MOSCOU (FOLHAPRESS)
Camisa 10 da seleção brasileira e jogador mais caro do futebol mundial, Neymar tinha a Copa do Mundo como aposta de trampolim para vencer o prêmio de melhor jogador do mundo. Deixou a Rússia no dia 7 de junho, mais de uma semana antes da final, menor e ironizado.
De férias no Brasil, o atacante não deixou de ser assunto no país do Mundial. Foi criticado por ex-jogadores, ironizado pela mídia internacional e por dirigentes da Fifa.
A Copa representou, além do fracasso em campo, atritos fora dele para o atacante e seu estafe. Viveu relação conturbada com a Rede Globo, principal emissora do país, que transmitiu o Mundial com exclusividade na TV aberta. Em 2014, Neymar teve contrato para participar de programas da emissora.
O ex-jogador Ronaldo, comentarista da Globo, se afastou do pai e do filho. Eles já fizeram negócios juntos e depois romperam. Nos bastidores, o ex-atacante costuma reclamar do que considera ganância do pai do camisa 10.
Neymar também entrou em rota de colisão com Galvão Bueno, principal narrador da emissora. O estopim foram as críticas que sofreu após os dois primeiros jogos, que levaram até o pai do jogador a tentar colocar panos quentes.
"As análises, assim como toda a cobertura da Globo, são feitas de maneira imparcial e sem distinção entre os jogadores", disse a Globo na época.
Apesar de deixar o Mundial com a imagem desgastada, especialistas no mercado publicitário ouvidos pela reportagem acreditam que inicialmente o jogador não perderá dinheiro com os seus patrocinadores.
Eles avaliam que Neymar poderá recuperar a imagem se voltar a jogar bem no seu clube no início da temporada. Nenhuma marca deixou de patrociná-lo.
Atualmente, Neymar tem 13 patrocinadores. Ao longo da carreira, foram mais de 25 empresas parceiras.
Durante a Copa, o atacante foi garoto-propaganda do Mc Donald's. Após a eliminação, um comercial com o jogador deixou de ser exibido na televisão.
"A campanha foi desenhada para terminar na primeira fase da Copa do Mundo. Houve até uma extensão por outras razões, mas já era previsto que não estaria no ar neste momento. Não há nenhuma relação com a queda da seleção", diz David Grinberg, diretor de comunicação do Mc Donald's no Brasil.
Neymar pai é quem decide o cronograma publicitário do filho e toma conta de suas finanças, sendo sócio principal -ao lado da mãe do jogador, Nadine, de quem está divorciado desde 2015- das duas empresas que administram a carreira do atleta.
Na Rússia, a família do jogador foi a única que ficou o tempo todo no Swissôtel, em Sochi, o mesmo da seleção durante a estadia no Mundial. Os demais parentes estavam em um grupo de 120 pessoas num outro complexo hoteleiro, em logística montada pela CBF para unir os convidados dos atletas.
Cerca de 15 amigos próximos de Neymar também seguiram o jogador na Rússia, mas estiveram junto aos demais convidados da delegação brasileira.
O atacante não deu entrevistas depois da queda na competição. Ele só falou em seu perfil na rede social Instagram, onde tem 99,8 milhões de seguidores. "Posso dizer que é o momento mais triste da minha carreira", escreveu.
Na Rússia, ele só falou rapidamente na zona mista pós-jogo contra a Suíça, quando sofreu 10 faltas e deixou o campo mancando, e ainda respondeu três perguntas em entrevista coletiva depois da vitória sobre o México, quando era obrigado por protocolo da Fifa, já que havia sido eleito o melhor em campo na partida.
PIADA
Neymar virou motivo de piada nas redes sociais ao redor do mundo pelo excesso de simulações de falta.
Nesta quinta-feira, o ex-jogador holandês e diretor da Fifa Van Basten foi mais um que engrossou o coro. "Ele faz as pessoas rirem", disse.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, deu risada quando questionado sobre desempenho do brasileiro no Mundial disputado na Rússia.
"Você sabe [risos] que ele vai mostrar mais nível de futebol no futuro", afirmou.
Neymar também vem sendo alvo de diversas piadas nas redes sociais desde o fim do torneio. Foi criado o "Neymar Challenge", brincadeira que viralizou pelo mundo com vídeos de pessoas se atirando ao chão e simulando faltas, em referência ao atacante.