O grupo de cientistas nucleares Bulletin of the Atomic Scientists ajustou nesta terça-feira (28) o Relógio do Juízo Final, posicionando os ponteiros a apenas 89 segundos da meia-noite. Este é o menor intervalo já registrado desde a criação do relógio, em 1947. Nos últimos dois anos, o marcador estava em 90 segundos para o "fim do mundo".
Segundo os especialistas, a decisão reflete o agravamento de ameaças globais, como as tensões nucleares provocadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o uso militar de inteligência artificial, mudanças climáticas e riscos biológicos. "Os fatores que influenciaram a decisão deste ano não são novidades. No entanto, vimos poucos avanços para enfrentar esses desafios, e, em muitos casos, a situação está piorando", afirmou Daniel Holz, presidente do Conselho de Ciência e Segurança do Boletim.
Holz também destacou o impacto das mudanças climáticas. Em 2024, o planeta registrou o ano mais quente da história, segundo a Organização Meteorológica Mundial da ONU. Apesar do avanço em fontes de energia limpa, como solar e eólica, os esforços globais continuam insuficientes para evitar os piores cenários climáticos.
O que é o Relógio do Juízo Final?
O Relógio do Juízo Final é uma metáfora criada em 1947 para medir o quão próxima a humanidade está da autoaniquilação. Os ponteiros são ajustados anualmente por um conselho formado por cientistas e 11 laureados com o Prêmio Nobel, considerando fatores como armas de destruição em massa, crises ambientais e tecnologias emergentes.
Inicialmente, o relógio marcava sete minutos para a meia-noite. O momento mais distante da "hora do apocalipse" foi em 1991, ao fim da Guerra Fria, quando os ponteiros foram ajustados para 17 minutos antes da meia-noite.
Com o anúncio deste ano, os cientistas enviam um alerta claro aos líderes mundiais sobre a urgência de agir diante de crises interconectadas que ameaçam o futuro da humanidade.