A propriedade rural de Exul, situada a poucos quilômetros da zona urbana de Batalha, abriga um cenário de beleza natural e mistério. Em meio a árvores frondosas e sombras densas, um olho d’água cristalino brota do chão e desliza sobre pedras escuras e reluzentes.
Conhecido como "Olho d’Água do Exul", o local é frequentado por moradores que buscam água fresca, um banho revigorante ou simplesmente um momento de tranquilidade. No entanto, há aqueles que juram ter presenciado algo além da serenidade do lugar: a presença dos temidos Corpos Secos.
A lenda remonta ao século XIX, quando um casal de fazendeiros da localidade de Betânia saiu em um dia chuvoso de inverno para buscar mantimentos na cidade. O temporal transformou os caminhos em lamaçais traiçoeiros, e os dois acabaram sendo tragados pela terra encharcada. Seus corpos afundaram na lama e só emergiram ao fim do inverno, já secos e deformados, condenados a vagar sem descanso.
Segundo a crença popular, aqueles que se tornam corpos secos foram pessoas de má índole em vida. O casal, conhecido por sua arrogância e crueldade com escravos e agregados, teria sido amaldiçoado por suas ações. Assim, transformados em entidades assombradas, passaram a perambular pela mata do Exul.
Moradores relatam que os corpos secos aparecem sempre ao amanhecer ou ao entardecer, caminhando lentamente sobre as pedras do olho d’água. O homem, diz-se, tem todos os dentes de ouro, enquanto a mulher ostenta braços repletos de pulseiras, dedos cobertos de anéis e um pescoço adornado por colares cravejados de pedras preciosas.
Além de sua aparência assustadora, contam que possuem a habilidade de se disfarçar como troncos secos, confundindo-se com a vegetação. No entanto, aqueles que se aventuram pelo Exul ao cair da noite podem sentir uma presença inquietante ou até mesmo ser perseguidos por essas entidades errantes.
A lenda dos Corpos Secos do Exul continua viva no imaginário da população de Batalha, reforçando o temor e o fascínio pelo desconhecido. Para alguns, trata-se apenas de uma história antiga. Para outros, um aviso: ao cair da noite, é melhor não se demorar nas proximidades do olho d’água.