Dilma se recusa a comentar comportamento de petistas diante do mensalão

Em entrevista na noite desta
segunda-feira (18) ao “Jornal Nacional”, a presidente e candidata à
reeleição Dilma Rousseff (PT) se recusou a comentar o comportamento da
militância do PT diante do julgamento do mensalão. A mandatária foi
questionada pelos apresentadores do telejornal sobre a atitude dos
petistas, que trataram os condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal)
como “guerreiros”.


“Eu sou presidente da República, não
faço nenhuma observação sobre julgamentos realizados pelo STF por um
motivo simples: a Constituição exige que o Presidente da República e os
demais chefes do poder respeitemos e consideramos a autonomia desses
órgãos”, afirmou.
Dilma foi interrompida pelo apresentador
William Bonner, que a lembrou que o questionamento dele referia-se ao
comportamento da militância do partido, e não da Suprema Corte. Na
resposta, mais uma vez Dilma não quis fazer comentários. “Eu não vou
tomar nenhuma posição que me coloque em confronto e conflito ou,
aceitando ou não. Eu respeito a decisão do STF. Isso não é uma questão
subjetiva.”


Ao longo da entrevista, a candidata
petista deu respostas longas e pausadas, e evitou deixou ser
interrompida pelos apresentadores enquanto respondia.


A presidente foi confrontada sobre casos
suspeitos de corrupção em seu governo, entre eles os que resultaram em
troca de ministros, e questionada sobre “qual é a dificuldade de se
cercar de pessoas honestas”. Dilma respondeu que seu governo foi “o que
mais estruturou mecanismos de combate a corrupção” e que a Polícia
Federal (PF) ganhou “imensa autonomia” para investigar.


Ainda sobre os casos de corrupção nos
ministérios, Dilma disse que “nem todas as denúncias de escândalo
resultaram realmente na constatação de que a pessoa tinha que ser punida
e condenada”. “Pelo contrário, muitos daqueles que foram identificados
como tendo praticado atos indevidos foram inocentados”, disse.


A petista aproveitou o assunto para
cutucar Fernando Henrique Cardoso, ao afirmar que, nas administrações
dela e de Luiz Inácio Lula da Silva, “nenhum procurador foi chamado de
‘engavetador-geral da República’” –no governo do tucano, o apelido foi
dado ao procurador-geral Geraldo Brindeiro.


Saúde e economia


Perguntada sobre se diria aos
telespectadores que a saúde pública do país está “minimamente razoável”,
Dilma tergiversou e afirmou que o país precisa de uma “reforma
federativa”.


“Não acho [que esteja minimamente
razoável], até porque o Brasil precisa de uma reforma federativa. Há
responsabilidades municipais, estaduais e federais”, disse a presidente,
que prosseguiu citando o programa Mais Médicos. “[A falta de médicos]
nós assumimos como [uma responsabilidade] federal porque temos mais
recursos.”


No final da entrevista, Bonner citou
dados da economia, como a alta da inflação e o baixo crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto), e perguntou a Dilma se ela não achava que o
governo federal tem alguma responsabilidade sobre o cenário atual.


“Nós enfrentamos a crise pela primeira
vez no Brasil não desempregando, não arrochando o trabalho e não
aumentando os tributos.” A mandatária acrescentou que o governo possui
“índices antecedentes” que mostram que haverá uma recuperação da
economia no segundo semestre.


No encerramento, Dilma afirmou que quer permanecer no cargo para que o Brasil “continuar a ser um país de classe média.”


A entrevista é a primeira de Dilma após a
morte de Campos e a terceira realizada pelo Jornal Nacional. Na semana
passada, o telejornal entrevistou o tucano Aécio Neves na segunda-feira e
Campos na terça, véspera da morte do ex-governador de Pernambuco.
Diferentemente de Dilma, Aécio e Campos foram entrevistados na bancada
do “Jornal Nacional”. Amanhã (19), o entrevistado será o candidato
Pastor Everaldo (PSC).


Pesquisas


Dilma aparece em primeiro lugar na
pesquisa Datafolha divulgada hoje, com 36% das intenções de voto. Atrás
dela está a ex-senadora Marina Silva (PSB), com 21%, tecnicamente
empatada com Aécio (20%). A margem de erro é de dois pontos percentuais
para mais ou para menos.


Quanto a um eventual segundo turno, a
pesquisa apontou que há empate técnico entre Marina e Dilma. A candidata
do PSB obteve 47% das intenções ante 43% da petista. Contra Aécio,
Dilma venceria por 47% a 39%.


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