Cidade do Piauí se transforma em deserto

Gilbués, município piauiense situado a 798 km ao sul da capital Teresina, vem sofrendo com um forte processo de desertificação. Já são 7,8 km² de área desertificada, sendo a maior do Brasil. A região afetada equivale a cinco São Paulo (1,5 mil km²) e oito Nova Iorque (783,8 km²).  

A cidade possuí pouco mais de 10 mil habitantes e tem como principal atividade econômica hoje a agricultura. Os agricultores tentam resistir ao deserto que surgiu na cidade.

Cercado de crateras vermelhas que remetem ao planeta Marte, os trabalhadores mostram possíveis futuros para as suas terras, ameaçadas pela desertificação. Embora o processo seja natural, no município, ele foi agravado pelo aquecimento global, que gerou fortes secas, e também pela ação humana.

Foto: Nelson Almeida – AFP

Uma pesquisa publicada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2021 indica que a desertificação de Gilbués começou entre as décadas de 1940 e 1950, e foi impulsionada principalmente por práticas nocivas da agropecuária e da mineração.

O pecuarista Ubiratan Lemos Abade, de 65 anos, que vive em Gilbués, onde a paisagem árida e pontuada por cânions devora fazendas e já chegou a muitas propriedades, em uma área maior que a cidade de Nova York.

Segundo especialistas, o fenômeno é causado pela erosão galopante no solo frágil da região, e exacerbado pelo desmatamento, pelo crescimento indiscriminado e provavelmente pelas mudanças climáticas.

Mas, centenas de famílias que vivem da agropecuária se recusam a abandonar esta terra desolada e recorrem à criatividade para desafiar as adversidades e chamar atenção para o problema.

“Antes tinha mais chuva. Agora diminuiu, descontrolou. Por isso, a gente tem que trabalhar com irrigação. Se não for [assim], não tem como” sobreviver, diz Abade.

Foto: Nelson Almeida – AFP

O homem mostrou à reportagem um campo de capim seco, que morreu antes que seu gado pudesse pastar ali. Depois, mostra um lote exuberante de capim regado com um sistema improvisado de irrigação, do qual depende para manter vivos suas vacas e a si próprio. 

Ele instalou o sistema há um ano: cavou um poço e fixou uma rede de mangueiras.

“Se não tivesse irrigação, ficaria tipo aquele. Aquele eu não irriguei e está morrendo de sede”, afirma. “Tem que ter tecnologia [para produzir aqui]. Mas para quem é fraco de condições, fica difícil”.

*Do R7.com

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Arnaldo Silva

Jornalista formado pela UFPI, fundador e editor do Diário de Caraíbas.

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