Piauí

Estado do Piauí tem a maior taxa de mortes com motos no país

O estado do Piauí registrou, em 2023, a maior taxa de mortalidade por acidentes com motocicletas em todo o Brasil. Segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12), foram 21 mortes por 100 mil habitantes, colocando o estado na liderança nacional nesse tipo de ocorrência.

A taxa é 9,1 vezes maior do que a do Amapá, que aparece com o menor índice do país (2,3 por 100 mil habitantes). Além disso, os dados apontam que 69,4% das mortes no trânsito no Piauí envolveram motocicletas — quase o dobro da média nacional, que foi de 38,6%.

Ao todo, o estado registrou 1.001 óbitos em acidentes de trânsito no ano passado, dos quais 695 foram em acidentes com motos. O número representa um crescimento de 15,1% em relação a 2022.

Motocicleta: meio de transporte acessível, mas vulnerável

O cenário exposto pelo levantamento reflete um fenômeno que se intensifica principalmente nas regiões Norte e Nordeste: o uso crescente das motocicletas como principal meio de transporte, impulsionado pela acessibilidade e pelo baixo custo operacional do veículo.

“O uso da moto cresce especialmente em estados mais pobres, mas ela é um veículo que não oferece nenhuma proteção ao usuário. Quando há sinistro, a chance de óbito é muito maior”, explica Carlos Henrique Carvalho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em entrevista à Agência Brasil.

Ainda segundo o Atlas, o Brasil teve um total de 13,5 mil mortes envolvendo motocicletas em 2023 — um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior. O número se aproxima do pico histórico registrado em 2014, quando o país teve quase 13 mil óbitos do tipo.

Problema se concentra no Nordeste

Além do Piauí, outros seis estados brasileiros já registram mais da metade das mortes no trânsito com envolvimento de motos: Ceará (59,5%), Alagoas (58,4%), Sergipe (57,8%), Amazonas (57,3%), Pernambuco (54,4%) e Maranhão (52,2%).

Por outro lado, as regiões Sudeste e Sul apresentam os menores percentuais. No Rio de Janeiro, por exemplo, apenas 21,4% das mortes no trânsito em 2023 foram com motocicletas.

Crise de saúde pública e debate sobre regulamentação

Especialistas consideram o alto número de mortes com motociclistas uma crise de saúde pública. Segundo eles, a reversão desse quadro depende de uma atuação integrada entre diferentes setores do poder público: investimento em educação para o trânsito, fiscalização efetiva, melhoria da infraestrutura urbana e revisão das políticas de mobilidade, com atenção especial às regiões mais afetadas.

O crescimento do número de motos também tem ampliado o debate sobre a regulamentação do transporte de passageiros por motocicleta. Cidades como São Paulo enfrentam disputas judiciais sobre a legalidade desse tipo de serviço, que, embora popular, ainda é alvo de controvérsia em muitas capitais brasileiras.

O Atlas da Violência é produzido pelo Ipea em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base em dados do IBGE, do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

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Arnaldo Silva

Jornalista formado pela UFPI, fundador e editor do Diário de Caraíbas.

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